terça-feira, 15 de junho de 2010

Curso: Experiência Psicanalítica e Saúde Mental


Datas:27-28/08; 24-25/09; 22-23/10; 05-06/11
Periodicidade: mensal
Duração: 4 meses
Local: Sede do CEPP
Valor do curso: inscrição + 4 parcelas de R$ 150,00

Inscrições R$ 150,00
Aderentes terão 50% de desconto
Vagas limitadas

FICHA DE INSCRIÇÃO:

Curso: Experiência Psicanalítica e Saúde Mental




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Banco do Brasil
Agência: 4708-2
Conta Corrente: 7.671-6
Em nome de: Maria Lídia M. Noronha Pessoa

Enviar ficha de inscrição junto com fotocópia do comprovante de depósito para o e-mail: cepp.teresina@gmail.com

Observações: Serão aceitas somente inscrições com depósito bancário direto no caixa e concluída com o envio para o e-mail do CEPP, constando ficha de inscrição e comprovante de pagamento.

Valor do curso: inscrição + 4 parcelas de R$ 150,00


Vagas limitadas

segunda-feira, 7 de junho de 2010

"A invenção do delírio", in El saber delirante. Buenos Aires: Paidós, 2009. [Colección del Instituto Clínico de Buenos Aires]

Miller, Jacques-Alain.

Trata-se de uma conferência sobre o tema “Delírio e fenômeno elementar”, desenvolvida no Seminario-Coloquio de la Sección Clínica de Buenos Aires em 1995. Esta resenha recorta as principais articulações do autor que contemplam o tema do XVIII Encontro Brasileiro.

O delírio é um discurso articulado – esta fórmula pode ser depreendida do ensino de Lacan, segundo Miller. Por ser uma combinação de elementos, é possível destacar no conjunto do discurso delirante os elementos mínimos e primeiros que serviram de base para a construção, desenvolvimento e elaboração do delírio. Assim, o fenômeno elementar e o delírio são considerados como "elementos comuns a todo ser falante", e é uma maneira de generalizar o conceito de delírio. Como todo "eu" é delirante, "um delírio pode ser considerado como um realce do que cada um traz em si" (p.81), propondo a escrita deliryo, no idioma espanhol.

O binômio fenômeno elementar-delírio é aqui explorado, desde a lógica matemática, ao considerar os fenômenos elementares funcionando como axiomas de partida para o discurso demonstrativo, e desde a psiquiatria, quando Miller recupera De Clérambault e as articulações de Lacan sobre este binômio em vários momentos de seu ensino.

O delírio tem a mesma estrutura que o fenômeno elementar, como acontece com a folha em relação à planta: ela tem os mesmos traços de estrutura da planta a que ela pertence. Esta metáfora é utilizada por Lacan no texto "A direção do tratamento e os princípios de seu poder" (Escritos). Ao analisar o sonho da "Bela Açougueira", ele demonstra que este sonho, de uma histérica, é capaz de indicar "toda a planta da histeria", ou seja, o conjunto da neurose está presente numa formação do inconsciente, num único elemento. Então, a formação do inconsciente está para a neurose como o fenômeno elementar está para a psicose. É possível apropriar-se da estrutura mediante uma boa extração de um fragmento.

"O fenômeno elementar está estruturado e sua estrutura é a da linguagem, tal como a do delírio. Em geral, se pode dizer que o delírio é um fenômeno elementar e que o fenômeno elementar é um delírio, já que ambos estão estruturados como uma linguagem." (p.88)

Seguindo Lacan, Miller aproxima mais um binômio: alucinação-interpretação. Apesar das diferenças fenomenológicas, pelo viés da estrutura da linguagem, uma alucinação verbal responde a esta mesma estrutura; por isso, nesse nível, a diferença pouco importaria, uma vez que a estrutura de linguagem está presente tanto na alucinação como na interpretação. No texto “Resposta ao comentário de Jean Hyppolite sobre a ‘Verneinung’ de Freud” (Escritos), Lacan sustenta, num outro nível, a distinção entre elas com os exemplos do Homem dos Lobos e do Homem dos Miolos Frescos: no primeiro, a falta de um significante na estrutura do sujeito faz com que o foracluído retorne no real, enquanto que, no segundo, um exemplo de acting out, a falta de um significante na interpretação do analista faz com que surja na conduta do sujeito aquilo que ele não pode entender, “a recusa de uma relação oral não simbolizada que retorna como se fosse uma alucinação” (p.89). Miller, cuidadosamente, conclui: “quase podemos supor que há uma foraclusão”.

Penso que estes exemplos generalizam a foraclusão, que em cada caso, em princípio, seria possível identificar o foracluído, porque em algum nível ele retorna. A título de observação, remeto ao próprio Miller em seu Seminário Los signos del goce (1986-1987), pois lá ele também trabalha estes dois exemplos, junto com Schreber, depois de propor a foraclusão generalizada, nome do capítulo XXII, localizando em cada caso o que está foracluído e de que maneira acontece este retorno.

Para concluir, a formulação de que todo saber é delírio e que todo delírio é um saber, é baseada na concepção do significante. S1 é sempre elementar, ou seja, “não sabe o que significa”, sua significação somente pode surgir com S2, interpretando-o. “Escutando repetir o que afirma Lacan sobre o interessante da invenção de saber, o psicótico se apresentaria como o delirante que não retrocede diante da elaboração de saber, com o elemento de delírio que sempre há nesta invenção” (p.94). O neurótico tem em si o S2 de que necessita, ele sabe o que dizer. “Por que não traduzir desta forma a foraclusão do Nome do Pai, a foraclusão deste S2 que permite ao neurótico decifrar tudo sem perplexidade?” (p.96)

Carmen Silvia Cervelatti
AMP-EBP (SP)


XVIII Encontro Brasileiro do Campo Freudiano
O sintoma na clínica do delírio generalizado

terça-feira, 1 de junho de 2010

Loucura ou Perversão?

Claudia Figaro-Garcia, Correspondente da EBP-SP

Biagi-Chai, ao relatar a história de Henri-Desirée Landru, que assassinou dez mulheres e um jovem e incinerou seus corpos em uma fornalha de sua casa de campo, na França, no final do século XIX, provoca uma discussão: seria essa uma psicose ou uma perversão? De acordo com o livro, Landru não sabia qual era seu lugar na família, e este teria sido o gatilho para o desencadeamento dos atos criminosos. Biagi-Chai comenta que em sua megalomania havia separação entre ação e ambição. Tem-se início a sua máscara social. Sempre foi visto como responsável e bom pai. Mas é justamente a confusão que Landru faz entre o que é ser Patriarca e não Pai que inicia os sintomas, os quais caracterizam mais uma psicose do que uma perversão. Ao se colocar como Patriarca, posiciona-se como alguém que não vacila, que não apresenta furos ou imperfeições — assim, com a função paterna excedida, o sujeito se torna ele próprio a lei. A concepção delirante de família produz uma missão psicótica — sustento da família — de extrema responsabilidade, cuja lógica conduzirá Landru ao ato criminoso. A megalomania aumenta, assim como a indiferença pelo a’.

Para a autora, a família é como um trabalho para Landru, um significante privado de sua função de ideal, privado de realidade. Família define um dever, um dever com significação privada. A lei pessoal de Dever é seu delírio. Apresentava-se como “comerciante de móveis”, para viúvas, solteiras, mulheres sem família e com dote. Na opinião de Lacan, no filme Monsieur Verdoux, estrelado por Charles Chaplin em 1947, e que se baseou na história de Landru, o personagem selecionava as vítimas. Sua esposa e a amante Fernande pertenciam ao grupo vital. Esta, única a não ser assassinada por ele, além de não querer um marido provedor, mantinha uma relação muito forte com a mãe. As mulheres assassinadas integravam o grupo funcional, as mulheres de que necessitava. O dinheiro que estas deixaram garantirá o sustento da família de Landru.

A mãe de Landru parecia seu único ponto de apoio, estabelecendo-se assim a matriz da identificação imaginária de sua psicose: mãe sem falhas, como a amante. No julgamento, Landru nega tudo e seu discurso frio não demonstrava arrependimento. Foi avaliado por psiquiatras que não diagnosticaram psicose, atribuindo-lhe responsabilidade pelos crimes. Todavia, a certeza delirante, a necessidade de não ter falhas levaram Landru ao ato criminoso. Para a autora, ele avança em um Real sem véu, encarnando a lei. Seus significantes mestres não se articulavam a um saber, não passavam pelo desejo. Respondiam a um postulado delirante: sustentar a família. Na perversão, os criminosos sexuais gozam com o sofrimento do outro, pois driblam o Nome-do-Pai. O que impera é a Lei pessoal. Talvez isso, ter uma lei pessoal, seja algo que aproxime a psicose e a perversão, provocando uma confusão que dificulta um diagnóstico diferencial.



XVIII Encontro Brasileiro do Campo Freudiano
O sintoma na clínica do delírio generalizado