Confiram a fala de Jorge Forbes na conferência de encerramento de seu programa no Café Filosófico (27/8/09), sobre a Psicanálise do século XXI.
http://www.youtube.com/watch?v=Xva3Coue9-c
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Como Lacan se tornou psicanalista…
JEANNE JOUCLA
Esse título é uma brincadeira? Sim...e não, pois o próprio Lacan evoca esse « como » por ocasião de uma de suas entrevistas nas universidades norte-americanas em Yale, em 1975. Veremos que sua conclusão é surpreendente!
Lacan é convidado nas universidades norte-americanas. Em Yale, diante de um público de universitários e de estudantes, é um pouco aos trancos e barrancos : « Gostaria, em primeiro lugar, de lançar uma questão, precisamente aos que escolheram colocar-se como psicanalistas [...] como eles chegaram ao que pode, depois de tudo, ser razoavelmente chamado de seu...trabalho » …
« Agora, deixem-me responder minha questão : como me tornei psicanalista? »
Ele evoca, então, sua tese de doutorado em medicina em 1932, A psicose paranóica em suas relações com a personalidade, « um ensaio de rigor » antes de tudo que, diz ele, « eu me permito levar a sério ». Depois, ele faz a aproximação com Freud, escutando muito seriamente as histéricas e que descobriu o inconsciente; ele prossegue perguntando-se sobre as formações do inconsciente e sobre o fato de que, no tratamento, o que conta é o relato que se faz dela - um material linguageiro, então.
Lacan, depois desses desvios, reitera sua questão « […] gostaria de ter uma idéia de como alguém se decide a autorizar-se psicanalista nos Estados Unidos? Gostaria de ter uma idéia do que corresponde, aqui, ao que intituí na minha Escola e que chamo de « o passe ». Ele precisa: « isso consiste em que, no ponto onde alguém se considera suficientemente preparado para ousar ser analista, ele possa dizer a outrem […] o que o provocou a receber pessoas em nome da análises… ? » Silêncio…
Ele continua: « Vocês devem admitir que a descoberta do inconsciente é uma coisa muito curiosa, a descoberta de uma forma de saber muito especializada, intimamente ligada ao material da linguagem…que cola na pele de cada um pelo simples fato de ser humano…»
Lacan retoma, e é a terceira vez: « Agora, se alguém quiser me responder...eu o convido a dizer a verdade…Vocês podem me dizer simplesmente que vocês pertencem a uma associação psicanalítica, e que isso lhes pareceu ser uma bela situação…»
Depois, a última frase cai como um cutelo: « Mas o fim da verdade, a verdade verdadeira, é que entre homem e mulher, isso não funciona ».
Vamos parar nesta frase da qual imaginamos o efeito surpreendente que ela teve sobre a silenciosa platéia – e da qual medimos, várias décadas mais tarde, a pertinência cortante!
Estamos em 1975, ou seja, 8 anos depois da invenção do passe descrita na proposição de 67, e apenas 6 ans depois de seu funcionamento.
Tradução: Eucy de Mello
Esse título é uma brincadeira? Sim...e não, pois o próprio Lacan evoca esse « como » por ocasião de uma de suas entrevistas nas universidades norte-americanas em Yale, em 1975. Veremos que sua conclusão é surpreendente!
Lacan é convidado nas universidades norte-americanas. Em Yale, diante de um público de universitários e de estudantes, é um pouco aos trancos e barrancos : « Gostaria, em primeiro lugar, de lançar uma questão, precisamente aos que escolheram colocar-se como psicanalistas [...] como eles chegaram ao que pode, depois de tudo, ser razoavelmente chamado de seu...trabalho » …
« Agora, deixem-me responder minha questão : como me tornei psicanalista? »
Ele evoca, então, sua tese de doutorado em medicina em 1932, A psicose paranóica em suas relações com a personalidade, « um ensaio de rigor » antes de tudo que, diz ele, « eu me permito levar a sério ». Depois, ele faz a aproximação com Freud, escutando muito seriamente as histéricas e que descobriu o inconsciente; ele prossegue perguntando-se sobre as formações do inconsciente e sobre o fato de que, no tratamento, o que conta é o relato que se faz dela - um material linguageiro, então.
Lacan, depois desses desvios, reitera sua questão « […] gostaria de ter uma idéia de como alguém se decide a autorizar-se psicanalista nos Estados Unidos? Gostaria de ter uma idéia do que corresponde, aqui, ao que intituí na minha Escola e que chamo de « o passe ». Ele precisa: « isso consiste em que, no ponto onde alguém se considera suficientemente preparado para ousar ser analista, ele possa dizer a outrem […] o que o provocou a receber pessoas em nome da análises… ? » Silêncio…
Ele continua: « Vocês devem admitir que a descoberta do inconsciente é uma coisa muito curiosa, a descoberta de uma forma de saber muito especializada, intimamente ligada ao material da linguagem…que cola na pele de cada um pelo simples fato de ser humano…»
Lacan retoma, e é a terceira vez: « Agora, se alguém quiser me responder...eu o convido a dizer a verdade…Vocês podem me dizer simplesmente que vocês pertencem a uma associação psicanalítica, e que isso lhes pareceu ser uma bela situação…»
Depois, a última frase cai como um cutelo: « Mas o fim da verdade, a verdade verdadeira, é que entre homem e mulher, isso não funciona ».
Vamos parar nesta frase da qual imaginamos o efeito surpreendente que ela teve sobre a silenciosa platéia – e da qual medimos, várias décadas mais tarde, a pertinência cortante!
Estamos em 1975, ou seja, 8 anos depois da invenção do passe descrita na proposição de 67, e apenas 6 ans depois de seu funcionamento.
Tradução: Eucy de Mello
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