quinta-feira, 28 de maio de 2020

Considerações acerca do método psicanalítico


         Maio é uma data muito especial para a psicanálise. Foi em 06 de maio que Sigmund Freud nasceu. De acordo com o texto Cinco lições de psicanálise (FREUD,1910), a técnica da psicanálise surgiu da experiência de Freud em escutar mulheres que apresentavam manifestações histéricas e, a partir desse processo, Sigmund consegue extrair mecanismos de funcionamento do aparelho psíquico bem como pensar em um método para trazer a tona algo particular do sujeito que, por algum motivo, a sua consciência decide velar. Existe algo a ser expresso pelo sujeito, mas que seus mecanismos psíquicos tentam esconder. Por esse motivo é necessário pensar no que fazer para facilitar a revelação do que se oculta.
         Freud inaugura com a escuta das histéricas o método de associação livre, detalhado em seu texto sobre O início do tratamento (FREUD,1913). Como todo método, sua prática é baseada em princípios que necessitam de estudo, dedicação e análise do material inconsciente apresentado durante as sessões.  Segundo o texto Uma breve descrição sobre a psicanálise (FREUD,1923) é assim que o analista consegue manejar os fenômenos do inconsciente como os atos falhos, sonhos, esquecimentos e negação que os sujeitos que procuram a análise o apresentam e é através da relação transferencial que o sujeito pode ir além das resistências construindo saberes desconhecidos sobre seus sintomas.
         Freud demonstrou em seu texto O interesse científico da psicanálise (FREUD, 1913) que a psicanálise tem seu próprio método que se baseia em experiências clínicas, as quais sustentam todos os seus escritos e que configuram seu manejo durante a sessão. É dessa forma que, para Forbes, em O que é a psicanálise de orientação lacaniana? (FORBES, 2000), a psicanálise tem caminhando: mantendo seu discurso de acordo com as implicações subjetivas que cada época impõe ao sujeito em questão.  
          Se hoje temos critérios quanto à forma de utilização e manejo da psicanálise, devemos isso a Freud que argumentava sobre a importância dos processos psíquicos da ordem do inconsciente e dos cuidados os quais quem se propõe a analisa-los deve ter. A psicanálise de orientação lacaniana segue essa linha. Para Jorge Forbes, em seu seminário sobre O que é a psicanálise de orientação lacaniana? (FORBES, 2000) Essa linha de direcionamento da psicanálise tenta manter as orientações fundamentais de Freud quanto ao método e avançar com a aplicação da psicanálise diante das mudanças contemporâneas na sociedade, na família, no trabalho ou em qualquer outra área que impacte psiquicamente o sujeito que procura uma análise, mantendo, portanto, o método atual e com efeitos significativos na época em que vivemos. 

Referências:
Forbes, J; Leite, M. P. S. O que é psicanálise de orientação lacaniana? São Paulo: USP-Oficina, 2000. Disponível em: <http://www.jorgeforbes.com.br/br/jorge-forbes/seminarios/psicanalise-orientacao-lacaniana-2000.html>. Acesso em: 15.05.2020.
Freud, S. (1913) Cinco lições de psicanálise. Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, pp. 04-36. (Edição Standard Brasileira, Vol. XI).
Freud, S. (1913) Sobre o início do tratamento (Novas recomendações sobre a técnica da psicanálise I). Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, pp. 161-187. (Edição Standard Brasileira, Vol. XII).
Freud, S. (1913) O interesse científico da psicanálise (Novas recomendações sobre a técnica da psicanálise I). Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago. (Edição Standard Brasileira, Vol. XIII).
Freud, S. (1923) Uma breve descrição sobre a psicanálise. Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1976, pp. 111-125. (Edição Standard Brasileira, Vol. XIX).  

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