quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O sintoma como problema e como solução

Sérgio Laia- EBP-AMP-MG
Por Maria de Lourdes Aragão


Por ocasião da vinda do colega Sergio Laia, da Seção Minas Gerais, ao nosso estado, para participar de bancas de mestrado na UFPB, a delegação Paraíba, fez um convite para que ele pudesse contribuir com os nossos Seminários Preparatórios do VII Colóquio da EBP – “Felicidade: uma política do sintoma?”, onde o mesmo nos apresentou uma brilhante conferência intitulada O Sintoma como Problema e como Solução. A conferência, aberta ao público, foi realizada no auditório do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da universidade.

Traçando um caminho de Freud a Lacan, Sérgio Laia inicia sua fala, dizendo que na conferência A terapia analítica, Freud diz que um neurótico é incapaz de aproveitar a vida porque sua libido não é dirigida a nenhum objeto real e de ser eficiente porque precisa dispensar uma quantidade valiosa de energia para manter sua energia reprimida.
Nesse sentido, diz Sergio Laia, Freud nos lega o sintoma como uma satisfação inconsciente, e por ser uma satisfação torna-se difícil do neurótico se livrar dela, já que ela torna-se uma forma do neurótico solucionar um conflito.
Em outras palavras: a solução freudiana do problema-sintoma, a solução para a solução problemática que um sintoma acaba sendo para um sujeito é que esse sujeito possa se transformar, com o tratamento analítico, em um “senhor do sintoma”.

Em Lacan, Sergio destaca o que este diz sobre “identificação ao sintoma”, que não se trata de uma “identificação ao inconsciente”. Essa expressão nomeia muito bem o que Freud almejava quando concebia o tratamento analítico como um traço no qual o neurótico deveria se fazer senhor de seu sintoma. Apropriar-se de seu sintoma seria equivalente a se identificar ao inconsciente.
Sérgio Laia enfatizou que, identificar-se a seu sintoma implica colocar-se mais longe do inconsciente, estar mais além do inconsciente.
Nessa perspectiva, nos disse que, se no final de análise temos uma identificação do analisante ao seu sintoma, é porque o sintoma é aquilo que se conhece melhor, é o parceiro do sujeito em sua loida com o real impossível de suportar.
Dessa maneira a experiência de uma análise, afirma Sergio Laia, é a depuração do sintoma como parceiro do sujeito. Se Lacan nos fala acrescenta Sérgio Laia, de um savoir y faire no final de análise, não se trata de um fazer técnico, de um “saber fazer com”. Trata-se, sobretudo, segundo Xavier Esqué, de saber se desenrolar do rolo, tendo o sintoma à mão, como se fosse uma ferramenta. É uma depuração com a redução dos objetos a. É o sujeito demonstrar no que concerne ao gozo de sua vida, uma identificação a seu sintoma sem transformar-se em seu senhor e sem permanecer como seu escravo.
Além da conferência Sérgio Laia participou conosco do Seminário de Estudos Clínicos, atividade interna da Delegação onde contribuiu com um excelente trabalho clínico, trazendo aportes riquíssimos para todos os que praticam a psicanálise de orientação lacaniana.

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