domingo, 22 de abril de 2012

Judith Miller na Revista Ñ Revista – Psicologia – 17-04-2012


Judith Miller: “O discurso analítico não assegura o bem estar, não dá receitas de cozinha” 

Extrato de uma entrevista inédita com a filha de Jacques Lacan que poderá ser vista no VIII Congresso da Associação Mundial de Psicanálise, na próxima semana, em Buenos Aires. 
 "Meu pai escolheu para mim, um nome judio, em 1941. Foi um ato otimista. Meu pai não era muito otimista nessa época, mas penso que escolher esse nome nesse momento, foi uma maneira de expressar um desejo”, disse a filósofa Judith Miller, filha de Jacques Lacan, aos psicanalistas argentinos Tomás e Susana Hoffmann. Intimista assim é esta entrevista, imperdível e inédita, uma conversa que transcorreu em 2003 e que se tornará pública no próximo dia 24 de abril, no marco do VIII Congresso da Associação Mundial de Psicanálise (AMP), que acontecerá em Buenos Aires entre 23 e 27 de abril.
A entrevista, que dura quase duas horas e meia, foi gravada para o ciclo "Puertas y Puertos", um programa que era apresentado por Tomás e Susana Hoffmann no Canal 7, mas nunca chegou a ser exibida. Agora, coincidindo com uma nova edição do Congresso da AMP, será vista no "Espaço de Arte e Psicanálise no século XXI", (ver nota abaixo). Mas, o mesmo vídeo chegará neste dia, à "Cita en las Diagonales", a revista audiovisual que os Hoffmann dirigem.
Ali, Judith Miller fala de seus pais, dela mesma e, certamente, da psicanálise. "A história da psicanálise foi também uma história de amizades muito profundas e de separações dolorosas – para meu pai e depois para nós também”, admite Judith, que se sente afortunada por ter visto tão de perto, os resultados das práticas de Lacan. "Ver o que alguém pode fazer pelos outros a cada dia é suficiente para pensar que a psicanálise é importante para os humanos", sentencia.
Ela mesma qualifica o estilo de seu pai como muito forte e conta que podia fazer coisas loucas para obter o que queria: nunca vi um obstáculo resistir a ele. "Lacan teve interesse por disciplinas múltiplas que pareciam não ter nenhuma vinculação com a psicanálise e que tiveram em seu ensino, um lugar mais que importante”. De sua mãe, conta que teve uma carreira artística de futuro, mas a Guerra Mundial a interrompeu de uma maneira muito forte, algo que a frustrou.
Entre outros grandes temas da entrevista, Judith Miller fala de seus anos na Argélia como professora de filosofia e diz que com a guerra aprenderam "as coisas que não podem ser feitas em nome de nosso país". E, certamente, fala do cargo de presidente da Fundação do Campo Freudiano, de L'âne, a publicação que dirige em Paris e, digna filha de Jacques Lacan e esposa de Jacques-Alain Miller, derrama alguns conceitos para o debate. "Penso que a mudança radical que produz a psicanálise é no caso a caso, mas é único, e isso tem um impacto na sociedade, ainda que a sociedade não o saiba. E acrescenta que no momento, vê uma tarefa imensa a frente, porque “o discurso analítico não assegura o bem estar em nenhum nível. Não dá receitas de cozinha”.
DADOS ÚTEIS:
O VIII Congresso da AMP acontecerá de 23 a 27 de abril de 2012, no Hotel Hilton de Puerto Madero, Buenos Aires, Argentina. O tema central do congresso será "A ordem simbólica no século XXI".
A entrevista completa em vídeo poderá ser vista no dia 24 de abril, entre 19.30 e 23 hs, no "Espaço de Arte e Psicanálise no século XXI", um anexo da calle Bolívar, 1717. Depois estará disponível no site de Tomás e Susana HoffmannCita en las diagonales.

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