terça-feira, 24 de março de 2009

Considerações acerca do III Colóquio: Psicanálise e Sintoma

Carlange de Castro
É psicanalista, especialista em psicologia clínica
e diretora do CEPP.

Caminhar. Foi essa a palavra que surgiu durante o III Colóquio: Psicanálise e Sintoma que aconteceu nos dias 20 e 21 de março como abertura das atividades do CEPP. Para esse momento esteve conosco Iordan Gurgel, psiquiatra, analista e presidente da Escola Brasileira de Psicanálise.

Iordan Gurgel, no primeiro dia, faz uma contextualização da psicanálise e a diferença entre o saber universitário (um saber completo e articulado a um mestre), e o saber psicanalítico, que é inerente ao sujeito.

Durante o seminário, Psicanálise e Sintoma, Iordan pontua o sintoma como uma formação do inconsciente, que a partir do acumulo de significantes e sentidos, vai estruturando-o na tentativa de tamponar uma falta que é estruturante. Para o sujeito, o sintoma se apresenta como enigma, uma mensagem a ser cifrada, impossibilitando o sujeito de dizer algo sobre seu sintoma, provocando mal-estar. Iordan articula o saber médico com o da psicanálise afirmando que ambos não possuem a cura dos sintomas, o que existe é uma forma de tratar que depende mais do sujeito que do analista. A responsabilização do sintoma é do sujeito e não da medicação, sendo “a análise uma possibilidade de esvaziar o sintoma de gozo”. Desta forma, o sintoma é a via de entrada em uma análise. Não apenas um sintoma de ordem clinica, mas algo que provoque no sujeito um desconforto.

Na direção do tratamento, a psicanálise vai trabalhar como operativo que cause no sujeito o desejo de saber, modificando o estatuto do saber direcionado ao outro para direcionado a si, visando que o sujeito possa dar conta da relação particular do seu desejo.

Comprometido com esse ideal, o CEPP segue caminhando no campo da psicanálise, articulando-se a vários saberes, construindo o caminho para nossos próximos encontros.

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