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ão os farei esperar mais pelo tema do próximo
Congresso. Uma nova série de três temas começou com este
Congresso : « A ordem simbólica no século XXI ».
Será uma série especialmente dedicada ao aggiornamento, como se
diz em italiano, à atualização de nossa prática analítica, de seu contexto, de
suas condições, de suas coordenadas inéditas no século XXI, no
momento em que se desenvolve o que Freud chama: «O mal-estar na cultura», que
Lacan lerá como os impasses da civilização.
Trata-se de deixar para trás de nós o século XX,
para renovar nossa prática no mundo, ele mesmo bastante reestruturado
por dois fatores históricos, dois discursos: o discurso da ciência e o discurso
do capitalismo. Estes discursos dominantes da modernidade começaram, desde
seu aparecimento, a destruir a estrutura tradicional da experiência humana.
O domínio combinado desses dois discursos, cada um se apoiando no outro,
tomou tal amplitude que conseguiu destruir, e talvez estraçalhar, os
fundamentos mais profundos da tradição.
Vimos isso, durante este Congresso, com o
transtorno advindo na ordem simbólica, cuja pedra angular o Nome-do-Pai está
fissurada. E, como diz Lacan com extrema precisão, o Nome-do-Pai segundo a
tradição foi tocado, desvalorizado, pela combinação dos dois discursos, o da
ciência e o do capitalismo. O Nome-do-Pai é uma função chave do primeiro ensino
de Lacan ; pode-se dizer que ela é reconhecida através de todo o campo
analítico, quer seja lacaniano ou não.
Esse Nome-do-Pai, essa função chave o próprio Lacan
a rebaixou, depreciou ao longo de seu ensino, acabando por fazer do Nome-do-Pai
nada mais que um sinthoma, ou seja, uma suplência ao furo. Podemos acrescentar aqui, nesta assembleia – fazendo um curto-circuito
– que esse furo preenchido pelo sintoma Nome-do-Pai reenvia ao impossível da
relação sexual na espécie humana, a espécie dos seres vivos que falam. O
declínio do Nome-do-Pai na clínica introduz uma perspectiva inédita apreendida
por Lacan sob a fórmula: «Todo mundo é louco, quer dizer, delirante». Isso
não é um chiste, estende-se a categoria da loucura a todos os seres falantes:
aqueles que sofrem por não ter nenhum saber sobre o sexo. Esta frase, este
aforismo, diz respeito ao que está dividido nas diversas estruturas clínicas:
neurose, psicose e perversão. Isso bascula, balança, a diferença feita até
então entre neurose e psicose, base para o diagnóstico psicanalítico e tema
inesgotável dos ensinos.
Para o próximo Congresso, eu proponho que
examinemos as consequências dessa perspectiva, estudando o real no século XXI.
Lacan faz desta palavra: «o real», um uso que lhe é
próprio, que não foi sempre o mesmo e que teremos de esclarecer. Contudo, creio
que haja uma maneira de dizê-lo que apresenta um tipo de evidência para cada
um, para todos aqueles que vivem no século XXI, além dos lacanianos. É, pelo
menos, um tipo de evidência para aqueles que foram formados no século XX, e que
hoje e por algum tempo são do século XXI.
Há uma grande desordem no real.
Este é o título que proponho para o
Congresso de Paris 2014: «Uma grande desordem no real no século XXI»
Gostaria de comunicar-lhes agora minhas primeiras
reflexões sobre este tema, sobre este título, cuja formulação encontrei há dois
dias. São reflexões arriscadas, para dar início à nossa conversação sobre a
Escola Una, que vai durar dois anos, e não para encerrá-la.
A primeira reflexão que me ocorreu, eu a tomei como ela se apresentava, é a seguinte: antes, o real se
chamava a natureza. A natureza era o nome do real, quando não havia
desordem no real. Quando a natureza era o nome do real, podia-se dizer, como o
fez Lacan, que o real volta sempre ao mesmo lugar. Somente nessa
época, naquela em que o real se disfarçava de natureza, o real parecia ser a
manifestação mais evidente e mais elevada do conceito de ordem. Ao real que
volta sempre ao mesmo lugar, Lacan opunha o significante, que se caracteriza
por estar sempre se deslocando, a Enstellung –como dizia Freud. O
significante se conecta, se substitui de forma metafórica ou metonímica e
retorna ali onde não se espera, de surpresa. Ao contrário, o real – na época em
que ela se confundia com a natureza – se caracterizava por não surpreender.
Podia-se esperá-lo tranquilamente no mesmo lugar e na mesma data. Os exemplos
de Lacan ilustram isto, como o retorno anual das estações, o espetáculo
do céu e dos astros. Toda a antiguidade está apoiada nisso, com os rituais
chineses, os cálculos matemáticos baseados na medida dos astros, etc. Pode-se
dizer que, nessa época, o real enquanto natureza
tinha a função de Outro do Outro. O real era a própria garantia da ordem
simbólica.
Assim, a agitação retórica do significante no dizer
humano estava enquadrada por uma trama de significantes fixos como os astros. A
natureza – esta é sua definição - se define por ser ordenada, quer dizer, por
ser a conjunção do simbólico e do real. De tal maneira que, segundo a
tradição mais antiga, toda ordem humana devia imitar a ordem natural. Sabe-se
bem, por exemplo, que a família como formação natural servia de modelo para
o ordenamento dos grupos humanos e que o Nome-do-Pai era a chave do real
simbolizado.
Os exemplos desse papel da natureza não faltam na
história das ideias. Eles são abundantes e não tenho tempo para me estender
acerca disso hoje. Esses serão pontos a ser explorados. Explorar a história da
ideia de natureza, com a fórmula posta de que a natureza era o real, a ordem.
Por exemplo, o mundo com a física de Aristóteles se ordena segundo duas
dimensões invariáveis: o mundo de cima, separado do mundo sublunar, e cada
ser buscando seu próprio lugar. É assim que funciona essa física, que é uma
tópica, quer dizer, um conjunto de lugares bem fixados.
Com a chegada do Deus da criação, o Deus dos
cristãos, a ordem permanece vigente, na medida em que a natureza criada por
Deus responde à sua vontade. É a ordem divina, mesmo
que não exista mais a separação dos dois mundos aristotélicos. A ordem divina é
como uma lei promulgada por Deus e encarnada pela natureza. A partir daí se
impõe a lei natural.
O conceito da lei natural emana deste ponto. São
Tomás de Aquino dá a esta lei uma dimensão imperativa. Noli tangere natura:
«Não tocar a natureza». Tinha-se realmente o sentimento de que se podia
tocá-la, face aos atos humanos que iam contra a lei natural, por exemplo, os
atos de barbárie, que se opunham ao imperativo de não tocar a natureza.
Devo dizer, mesmo que essa não seja a opinião de
todos aqui, que considero admirável a maneira como a igreja católica, ainda
hoje, luta para proteger o real, sua ordem natural, nas questões da reprodução,
da sexualidade ou da família. São elementos anacrônicos, mas que
testemunham a duração e a solidez desse discurso antigo. Aí está um discurso
admirável como causa perdida, pois todo mundo se dá conta que o real não
está mais na natureza. Desde o início, a Igreja tinha entendido que o
discurso da ciência ia tocar o real enquanto natureza, que ela protegia. Mas
não bastava encarcerar Galileu para deter a irresistível dinâmica científica.
Não bastava qualificá-la de turpitudo – em latim – a avidez pelo ganho,
a ganância, para deter a dinâmica do capitalismo. São Tomás utiliza a palavra
latina turpitudo para falar do progresso. Causa perdida? Lacan dizia, no
entanto, que a causa da igreja anunciava, talvez, um triunfo. Por que? Por que
o real, destacado da natureza é pior e se torna cada vez mais insuportável.
Nostalgia de uma ordem perdida que, ainda que impossível de recuperar, segue
vigente como uma ilusão.
Antes do aparecimento do discurso da ciência, se
desenhava um desejo de tocar o real, agindo sobre a natureza :
domesticá-la, mobilizar e se servir de sua potência. Como ? Antes da
ciência, um século antes do aparecimento do discurso científico, esse desejo se
manifestava na magia. A magia é outra coisa que o truque do mágico para
distrair as crianças. Lacan lhe confere tão grande importância que, em seu
último texto dos Escritos: «A ciência e a verdade», ele inscreve a magia
como uma das condições fundamentais da verdade: magia, religião, ciência e
psicanálise. Quatro termos que já antecipam os famosos «quatro discursos».
A magia é o apelo direto ao significante da
natureza pelo encantamento. O mágico fala para fazer falar a natureza, para
perturbá-la, para infringir a ordem divina do real. Os mágicos foram
perseguidos, pois a magia era da ordem da bruxaria. Contudo, a moda da magia já
era um desejo de discurso científico. É a tese da erudita Frances Yates, que
considera que o hermetismo preparara o discurso científico. É um fato histórico
que o próprio Newton foi um distinto alquimista. Ela escreveu sobre Keynes, o
economista, que dizia que Newton tinha passado mais tempo se ocupando da
alquimia que das leis da gravitação. Esse ramo da história da ciência será um
ponto a ser estudado. Mas seguiremos, principalmente, a Alexandre Koyré que
ressalta a diferença entre a magia, que faz falar a natureza, e a ciência, que
a faz se calar. A magia é encantamento, ocultação, retórica. Com a ciência se
passa da fala à escritura, conforme o dizer de Galileu: «a natureza está
escrita em linguagem matemática».
Lacan, no fim de seu ensino, não hesitava em se
perguntar se a psicanálise – quando já não pensava mais em transformar a
psicanálise em ciência – não estaria mais do lado da magia. Ele disse isto
apenas uma vez, mas é preciso levar em conta. Assiste-se a uma mutação da
natureza, que se pode apreender pelo aforismo de Lacan: «Há um saber no real».
Eis aí o novo: alguma coisa que se escreve no próprio coração da natureza.
Continuou-se a falar de Deus e da natureza, mas Deus é apenas um sujeito
suposto saber no real. A metafísica do século XVII descreve um Deus do saber
que calcula, como diz Leibniz, ele mesmo é o cálculo, precisa Espinoza. É um
Deus matematizado.
A referência a Deus permitiu, velando a antiga face
de Deus, a passagem do cosmos finito ao universo infinito. Com o universo
infinito da física matemática, a natureza desaparece e os filósofos do século
XVIII fazem dela apenas uma instância moral. O universo infinito faz a natureza
desaparecer e desvela o real.
Eu me perguntei sobre a fórmula: «Há um saber no
real». Seria tentador dizer que o inconsciente se situa nesse nível. Mas, ao
contrário, a suposição de um saber no real parece ser o último véu a se
levantar. Se há um saber no real, há uma ordem que o saber científico pode
prever. O saber científico permite, de fato, prever, é seu orgulho, já que ele
demonstra a existência de leis, e não há necessidade que elas sejam enunciadas
por um deus, para que vigorem. É através dessa ideias das leis que a velha
ideia da natureza se cristaliza na expressão: «As leis da natureza». Einstein,
como diz Lacan, se referia a um deus honesto, que rejeita todo acaso. Era sua
maneira de se opor às consequências da física quântica de Max Planck. Existia,
em Einstein, uma tentativa de deter o discurso da ciência e a revelação do
real. Pouco a pouco, a física cedeu lugar à incerteza e ao acaso, ou seja, a um
conjunto de noções que ameaça o sujeito suposto sabe. Não se pôde mais fazer a
equivalência entre o real e a matéria. Com a física subatômica, os níveis da
matéria se multiplicam, e o A da matéria, como o
A da mulher, desaparece. Posso
fazer aqui um atalho: em relação à importância das leis da natureza, entende-se
a repercussão que teria o aforismo de Lacan: «o real é sem lei», que testemunha
uma ruptura total entre a natureza e o real. Ela rompe, de maneira definitiva,
a conexão entre a natureza e o real. Ela ataca a inclusão do saber no real, que
mantém a subordinação ao sujeito suposto saber.
Na psicanálise não há saber no real. O saber é uma
elucubração sobre o real, um real desprovido de toda suposição de saber. Pelo
menos é assim que Lacan inventou o real, até se perguntar se isso não era seu
sintoma, se não era a pedra angular que mantinha a coerência de seu ensino. O
real sem lei parece impensável. É uma ideia limite que quer dizer,
primeiro, que o real é sem lei natural. Por exemplo, tudo que tinha sido a
ordem imutável da reprodução se move e se transforma, seja no nível da
sexualidade ou da constituição do ser humano, com todas as perspectivas que
aparecem hoje, no século XXI, para melhorar a biologia da espécie.
O século XXI se anuncia como o grande século da bioengineering,
que abrirá a porta para todas as tentações da eugenia. A melhor ilustração
disso que experimentamos, hoje, se encontra no «Manifesto comunista» de Karl
Marx, a respeito dos efeitos revolucionários do discurso do capitalismo na
civilização.
Gostaria de ler para vocês algumas frases de Marx,
que ajudam a refletir sobre o real:
«A burguesia não pode existir sem revolucionar
constantemente os instrumentos de produção, o que quer dizer, as relações de
produção, quer dizer, o conjunto das relações sociais. (…) Esse constante abalo
de todo sistema social. (…) Todas as relações sociais, cristalizadas e cobertas
de ferrugem, com seu cortejo de concepções e de ideias antigas e veneradas, se
dissolvem;(…) Tudo que tinha solidez e permanência se esvai como fumaça, tudo
que era sagrado é profanado…»
O capitalismo mais a ciência estão ligados
para fazer a natureza desaparecer, e o que resta desse desaparecimento é o que
chamamos o real, um resto, e, por estrutura, desordenado. Toca-se o real por
todos os lados, segundo os avanços do binário capitalismo-ciência, de maneira
desordenada, ao acaso, sem que se possa recuperar a menor ideia de harmonia.
Houve um tempo que Lacan falava do inconsciente como um saber no real, quando
ele dizia que ele era estruturado como uma linguagem. Ele buscava, então, as
leis da fala, a partir da teoria do reconhecimento de Hegel : reconhecer
para ser reconhecido. As leis do significante, a relação de causa e efeito
entre significante e significado, entre metáfora e metonímia, ele as
apresentava como saber ordenado, sob a forma dos grafos, sob o predomínio do
Nome-do-Pai na clínica e no registro fálico da libido. Mas, em seguida, outra
dimensão apareceu com lalíngua, pois, se há leis da linguagem, não há
leis da dispersão e da diversidade das línguas. Cada língua é forjada pela
contingência e pelo acaso. É por isso que o inconsciente tradicional –para nós,
o inconsciente freudiano– nos aparece como uma elucubração de saber sobre
um real, uma elucubração transferencial de saber, que acrescenta a esse
real uma função de sujeito suposto saber, pronta para se encarnar em outro ser
vivo. O inconsciente, se ele pode se ordenar enquanto discurso, só é extraído
da experiência analítica, e a elucubração transferencial visa dar sentido à
libido, condição necessária para que o inconsciente seja interpretável. Isso
supõe uma interpretação prévia, quer dizer, que o inconsciente interprete.
O que o inconsciente vai interpretar? Para
responder a esta pergunta, é preciso introduzir a palavra: «real». Na
transferência, é o sujeito suposto saber que interpreta o real. O que se elabora
é um saber não no real, mas sobre o real. É aí que situamos o
aforismo: «o real não tem sentido», que é uma condição do real. Na medida em
que se chegou ao que está fora do sentido, pode-se pensar que se saiu das
ficções construídas em nome de um querer dizer. «O real não tem sentido», não
responde a nenhum querer dizer, o sentido vem com a elucubração fantasmática.
Os testemunhos de passe, essas pedras preciosas de nossos congressos, são os
relatos da elucubração fantasmática de cada um, a partir da expressão e da
construção singular de sua experiência analítica reduzida a um núcleo, a um
pobre real que se atenua até se tornar um puro encontro com lalíngua e
seus efeitos de gozo sobre o corpo. Um puro choque pulsional.
O real não é um cosmos, um mundo, nem uma ordem, é
um fim, um fragmento assistemático, separado do saber da ficção, que nasce
desse encontro com lalíngua e o corpo. O encontro não responde a nenhuma
lei prévia, ele é contingente e perverso, pois se traduz por um desvio do gozo,
com relação ao que ele deveria ser. O real inventado por Lacan não é o real da
ciência. É um real do acaso, contingente, já que lhe falta a lei natural da
relação sexual; é um furo de saber no real. Lacan se serviu da linguagem
matemática, que convém mais à ciência. Nas fórmulas da sexuação, por exemplo,
ele tentou apreender os impasses da sexualidade a partir da lógica matemática.
Essa foi uma tentativa heróica para fazer da psicanálise uma ciência do real,
da mesma maneira que a lógica, mas isso só podia se dar encerrando o gozo na
função fálica, num símbolo. A simbolização do real tem como consequência
reenviar ao binário homem/mulher, como se os seres falantes pudessem também ser
distribuídos claramente, no momento em que vemos, no real do século XXI, uma
desordem crescente da sexuação. É uma consequência secundária que se segue ao
choque inicial do corpo com lalíngua, o real sem lei e sem lógica. A
lógica acontece somente depois, com a elaboração, o fantasma, o sujeito suposto
saber e a psicanálise.
Até este dia, sob a influência do século XX, nossos
casos clínicos são construções lógicas de uma clínica sob transferência. A
relação de causa/efeito é um prejulgamento científico, que se apóia sobre o
sujeito suposto saber. A relação de causa e efeito não conta do ponto de vista
do real sem lei, conta apenas como ruptura entre causa e feito. Donde, o chiste
de Lacan: «Se vocês entendem como funciona a interpretação, não é uma
interpretação». Com a psicanálise, essa que Lacan nos convida a exercer,
encontra-se a ruptura do laço de causa a efeito, a opacidade do laço, e, é por
isso que falamos de inconsciente. Dizendo de outro modo, a psicanálise encontra
o recalcado e a interpretação do recalcado, graças ao sujeito suposto saber. No
século XXI, a psicanálise deve seguir outra via : a da defesa contra o
real sem lei e sem sentido. Lacan nos indica a via do real, assim como Freud
fez com o conceito mítico da pulsão. O inconsciente lacaniano, do último Lacan,
está no nível do real, digamos para simplificar : « sob » o inconsciente
freudiano. Para entrar no século XXI, nossa clínica deverá se centrar na
maneira de incomodar a defesa, de desregrá-la contra o real.
Numa análise, o inconsciente transferencial é uma
defesa contra o real, que conserva uma intenção, um querer dizer, enquanto o
inconsciente real não tem intencionalidade, mas se exprime por um: «É assim.»,
é nosso «Amém».
Várias questões se colocarão para o próximo
Congresso: a redefinição do desejo do analista, que não é um desejo puro, nos
diz Lacan, não é uma metonímia infinita, seria mais um desejo de atingir o
real, de reduzir o outro a seu real e liberá-lo do sentido.
Lacan tentou representar o real como um nó
borromeano. Perguntaremo-nos no que vale essa representação, em que ela nos
serve hoje. Lacan se serviu do nó, de sua paixão pelo nó borromeano, para tocar
essa zona irremediável da existência, como Édipo em Colona, onde se encontra a
ausência absoluta de amor, de fraternidade e de todo sentimento humano. Eis
onde nos conduz a busca do real desprovido de sentido.
Agradecimentos a Chantal Bonneau por seu trabalho de tradução. NDLR
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